Múltiplas Carreiras, Carreira por portfólio ou Slash Career. Precisamos falar sobre isso

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Você já deve ter ouvido falar em Múltiplas Carreiras, Carreira por portfólio ou Slash Career. Há nomes variados, mas o sentido é o mesmo.

Trata-se de ter várias carreiras simultâneas, e isto é uma tendência. No momento em que começamos a pensar em retomada e observamos alguns setores impactados, talvez seja a hora de pensar em novas alternativas.

Nossas carreiras evoluíram, não são mais lineares e únicas. Há tempos atrás, se você escolhesse ser advogado esperava-se que seguisse esta profissão até a aposentadoria. Não seguir este caminho soaria de forma estranha, muito provavelmente uma pessoa que apresentasse este interesse seria taxado de perdido, indeciso etc. Porém hoje a conversa é outra, não é mais isto OU aquilo, é possível ser isto E aquilo. Esta conversa está na mesa. Olhar para este tema é entender e aceitar que é possível conciliar habilidades e interesses.

Por que reprimir nossas múltiplas habilidades? Não é de hoje que observamos que temos um conjunto delas.

Quem teve a oportunidade de ir a exposição de Leonardo da Vinci, no início do ano no MIS Experience em São Paulo, constatou que o gênio italiano era pintor, escultor, desenhista, cientista, engenheiro, anatomista, inventor, matemático, arquiteto, botânico, poeta, músico, e naquela época realizou uma serie de estudos , descobertas e invenções, nos trazendo um bom exemplo de múltiplas carreiras. Ok, estamos falando de um gênio, não precisamos abrir tanto o leque assim.

Quando falamos neste tema, não estamos falando de bico. Bico é algo que a gente faz, nas horas livres para ganhar dinheiro, estamos falando de atuar em diferentes frentes, com a mesma seriedade e compromisso.

Mas isto é possível mesmo?

Você pode estar pensando: “Não estou dando conta de uma carreira, quiça duas ou três …

Ao conversar com profissionais que optaram por este modelo, tenho observado que é justo o oposto. Ter mais de uma carreira mantém a motivação e a energia para o trabalho. E isso se dá porque provavelmente este profissional está atuando com aquilo que gosta e que tem interesse. Numa era em que se busca proposito e significado, o trabalho também precisa ser considerado como um campo de realização pessoal. Não raro ouvimos de pessoas que ao optarem por este modelo passaram a ter mais qualidade de vida.

Como este modelo se dá?

Ele pode ter vários formatos.

Pode estar pautado em uma mesma espinha dorsal, como por exemplo: o profissional pode ser um especialista financeiro em uma organização, pode ser consultor de investimento e professor.

Ou pode ter carreiras distintas.

Já assessorei diversos profissionais que fizeram esta opção, e podemos encontrar ao nosso redor quem já atua neste modelo: Nutricionista que tornou-se também design de interiores, Gerente de projetos que resolveu atuar simultaneamente como terapeuta de medicina alternativa, Gerente de Marketing que tornou-se também instrutora de mindfulness , diretor de RH que é chef de cozinha aos finais de semana, Gerente de TI que é decoradora de festas , arquiteto que divide seu tempo como tatuador … enfim eles estão entre nós e pasmem: felizes!

O que motiva as pessoas a fazerem isto?

As motivações para ter mais de uma carreira são diversas.

Pode passar pelo desejo de atuar numa área complementar, vontade de aprender coisas novas, encontrar maneiras de colocar um talento em prática e torna-lo rentável ou a necessidade ampliar os ganhos financeiros em atividades que gerem satisfação.

Mas como o mercado vê isto?

O que a princípio soaria muito estranho já passa a ser aceito por algumas organizações. É claro, que aquelas instituições mais tradicionais podem ainda não ver com tão bons olhos, alegando que pode trazer distração ou baixa produtividade. Mas é fato que esta conversa vem ganhando cada vez mais espaço e simpatia. Até porque trabalhar por projeto e com contrato flexível será muito mais comum e natural. Está aí a reforma trabalhista que vem possibilitando novas formatos e relações de trabalho.

Mas como devo me posicionar?

Será importante ter um posicionamento claro, apresentando de forma organizada sua multiplicidade. Será imprescindível cuidar da sua marca e reforçar suas atuações (este tema é amplo, vamos trata-lo em outro texto).

Considere ter 2 cartões de visita e lembre-se que em um único perfil de LinkedIn, você pode apresentar suas múltiplas possibilidades, utilizando as barras para separar as carreiras no seu Headline e construindo um bom storytelling em seu Resumo/Sobre (campo do Linkedin).

Mas esse tipo de carreira é para todo mundo?

Talvez aqueles que sejam mais apegados a rotina e se motivam pela segurança e estabilidade resistam mais a esta escolha. Mas é possível conciliar um part time, carga horaria reduzida e tantas outras vantagens que a reforma trabalhista nos trouxe.

Para aqueles que gostam de desenvolver mais de um projeto ao mesmo tempo, sentem vontade de desbravar um novo mercado e são curiosos, com organização e disciplina podem conciliar duas agendas.

Para quem ainda não se convenceu, peço licença ao nosso escritor Luis Fernando Veríssimo, que diz: “Ninguém é uma coisa só, nós todos somos muitos.” (Aliás ele mesmo com múltipla carreira, é também músico!)

Então, por que não praticar esta pluralidade em nossas carreiras?

Patricia Paniquar

Gerente de Transição de Carreira na LHH / Comprometida em apoiar pessoas em suas reflexões de carreira e (re)escolhas profissionais.

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